segunda-feira, 18 de março de 2024

A nova aristocracia operária.

 Hodiernamente, observamos dois movimentos históricos combinados:


1. A confirmação da teoria marxista do valor, isto é, a superação da aparente aporia em seu âmago, eis que a força de trabalho torna-se cada vez mais intelectual e produzida pelo trabalho assalariado dos professores, de tal forma que já não se pode cogitar em uma mercadoria força de trabalho que não seja fruto do trabalho humano assalariado e, portanto, não exiba valor;

2. ⁠A configuração de uma cesura abismal e profunda, com implicações na divisão internacional do trabalho, entre trabalhadores eminentemente manuais da indústria manufatureira e trabalhadores eminentemente intelectuais da indústria da informação ou de software, sendo certo que os primeiros são tipicos das duas primeiras revoluções industriais, enquanto os demais são típicos da atual revolução microeletrônica ou digital.


Essa divisão relatada em 2 produz uma certa nova aristocracia operária dos produtores de informação, politicamente atrelada à burguesia industrial pela ideologia do empreendedorismo, o que traz um problema estratégico para os partidos dos trabalhadores ao redor do mundo.


Esta realidade hodierna deve ser programaticamente incorporada pelo Partido dos Trabalhadores no Brasil.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 17 de março de 2024

A notícia econômica de hoje!

 A principal notícia econômica no Brasil no dia de hoje consiste no aumento da participação dos salários no PIB nacional com a consequente queda nos lucros das empresas.


Muitos dirão que tal situação exibe-se insustentável, pois o aumento da demanda pelo lado dos salários pode provocar incremento da inflação.


Mas o aumento da inflação, se ocorrer, virá exatamente da contraposição ao declínio dos lucros, e não do aumento dos salários.


A culpa da inflação é do capital, e não do trabalho.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 10 de março de 2024

Dinheiro e mais-valia.

 Como vimos, a relação de produção consubstanciada na mercadoria e na troca simples pressupõe a equivalência entre valor e preço dos produtos do trabalho humano.


Tal equivalência rompe-se com o advento da relação de produção consubstanciada na circulação de mercadorias e no dinheiro, pois os mercadores e comerciantes, ipsis litteris, compram barato para vender caro, de tal sorte que a moeda metálica já exsurge sob o pálio da extorsão de parte do produto do trabalhador pela classe social dos comerciantes, sendo que seu valor nominal já se exibe maior do que seu valor real ou intrínseco.


Com o advento do capital industrial e a compra e venda da força de trabalho como mercadoria, a moeda perde seu suporte metálico e passa a se apresentar como papel-moeda ou moeda fiduciária, com suceder um verdadeiro abismo entre seu valor nominal e seu valor real ou intrínseco.


Tal abismo aprofunda-se hodiernamente com as moedas digitais ou criptomoedas, a revelar um patamar superior de exploração da força de trabalho e extração da mais-valia.


Destarte, quanto maior a mais-valia, mais abstrato o dinheiro, e mais distante a moeda de um suporte material.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sábado, 9 de março de 2024

O tempo na obra de Marx.

 Já tivemos a oportunidade de destacar aqui que o tempo é um construto cerebrino humano, decorrente da mortalidade humana, enfim, uma ilusão no seu sentido linear e absoluto.


Para Marx, as sucessivas categorias econômicas, correspondentes às sucessivas relações históricas de produção - tais como mercadoria, dinheiro, capital industrial, renda fundiária e capital financeiro - acumulam-se e tornam o modo de produção mais complexo, mas não morrem, isto é, vão sendo incorporadas em relações de produção mais complexas, mas não se extinguem, apenas convolam-se em sucessivos modos de produção.


Por isso que, para Marx, a anatomia do homem é a chave da anatomia do macaco.


Não há morte nem tempo nas categorias econômicas históricas e sucessivas na obra de Marx, mas movimento, acúmulo e crescente complexidade.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

O falso mundo empírico dos preços e do dinheiro.

 Na relação de produção consubstanciada na mercadoria, ainda remanesce a equivalência entre valor e preço dos produtos da atividade econômica.


Com o advento histórico da relação de produção consubstanciada na circulação de mercadorias e no dinheiro, há uma ruptura na equivalência entre valor e preço, pois os mercadores auferem seus lucros precisamente nas variações de preços, comprando barato e vendendo caro, ipsis litteris.


Desde então, o mundo empírico e superficial dos preços soterra o universo verdadeiro da exploração econômica dos seres humanos pelos seres humanos, na extração da mais-valia.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Burgueses e marxistas na ciência econômica.

 Os economistas burgueses não enfocam o mundo da produção econômica, mas apenas do consumo, pois, caso contrário, seriam obrigados a arrostar o problema da mais-valia e da exploração econômica do ser humano pelo ser humano, de tal sorte que suas questões cingem-se às disparidades entre oferta e demanda, inclusive a questão da inflação.


Já os economistas marxistas enfocam precisamente o mundo da produção e da extração da mais-valia, de tal sorte que o fenômeno inflacionário resulta do declínio tendencial da taxa de lucro do capital industrial.


Para os economistas burgueses, é suficiente o universo empírico dos preços, ao passo que para os marxistas cabe investigar para além dos preços, isto é, urge examinar a raiz dos fatos aparentes nos valores e sua respectiva produção.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

A universalidade da matemática.

 Diz-se que a matemática constitui uma linguagem universal que transcende os variegados idiomas nacionais e dialetos, no que estou plenamente de acordo.


Mas isso acontece na exata medida em que as categorias econômicas de mercadoria, dinheiro e capital também exibem-se universais, com suplantar as determinações sócio-culturais de cada nação.


Isto porque os números e a matemática, consoante já postulado aqui por diversas ocasiões, são fruto de tais relações de produção contraídas pelos seres humanos entre si.


A evolução histórica da matemática segue, portanto, o evolver de tais relações de produção, cabendo destacar que o estabelecimento desta unidade de cursos entre matemática e economia ainda permanece inédito, mas tudo leva a crer que a superação histórica das relações de produção capitalistas pelo modo comunista de produção, que sobrepujará as diferenças de classes e de Estados nacionais, poderá alçar a matemática a um patamar ainda mais universal.



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.