domingo, 5 de julho de 2015

Articular uma Frente de Esquerda: a resposta ao avanço das forças conservadoras no Brasil





Não é à toa que a cultura popular sentencia: a união faz a força.

Diante da ameaça que assombra o Brasil com o retrocesso social, econômico e político, somente a premissa popular pode encaminhar a retomada dos avanços dos últimos anos em patamares mais elevados e estruturais.

Para além da autocrítica, necessária e salutar, que o Partido dos Trabalhadores deve e tem a obrigação de fazer pelos erros que cometeu, é preciso entender que, as forças do atraso no Brasil são seculares e respondem com violência a qualquer ameaça de seu status quo. Formadas e reproduzidas socialmente num passado escravista, que deveria envergonhar qualquer cidadão brasileiro minimamente civilizado, seus esforços nunca se esgotam no sentido de reter ao máximo e pelo maior tempo histórico possível seus privilégios.

Sabemos que o parágrafo acima parece ser mais um exercício de retórica que uma análise bem apanhada. É que, por mais que isso possa parecer patente, em diversos momentos a Esquerda festejou antecipada uma série de conquistas, que para essa Elite, são meras concessões temporais. É uma Elite que se formou concomitantemente como o Estado Brasileiro e nele está enraizada. 

Partrimonialista e Burocrática, como os Donos do Poder de Faoro, e que posteriormente, na última edição do Livro do Interpretador, foi realocada em um novo patamar conceitual por Grabriel Cohn, que enxergou nela sua propriedade resiliente. Resiliência, para o pensador - e também para esse que modestamente reproduz suas reflexões, é o conceito chave que permite interpretar a longa e vitoriosa permanência dessa Elite no poder, no poder de fato. Os verdadeiros Donos do Poder, atrelados à seus operadores burocráticos no aparelho estatal mantêm o povo sobre tutela por conseguir uma adaptação máxima às mudanças temporais. Se conformam as novas exigências sociais e do progresso científico do capitalismo. Se moldam aos novos tempos para manter intactas suas prerrogativas de privilégio, numa luta contínua e sem trégua, que por séculos mantém refém a sociedade brasileira. 

A resiliência é sem dúvida a chave para entender o inimigo e para traçar as estratégias para combatê-lo. Uma estratégia que terá que ser construida e reconstruida dia a dia numa luta incessante contra essa Elite secular. E passo a passo, numa longa e duradoura caminhada que o horizonte desnuda e que teremos que encará-la. Com fé, com persistência, com a cabeça erguida e cientes dos riscos que luta política, assim como a Guerra, encerra. Clawsewitz nos ensina que a : "a guerra é uma atividade tão perigosa que os erros advindos da bondade são os piores. [...] Se um dos lados utiliza a força sem remorso, sem deter-se devido ao derramamento de sangue que ela acarreta, enquanto o outro abstém-se de utilizá-la, o primeiro estará em vantagem. Aquele lado forçará o outro a fazer o mesmo que ele. Cada um deles levará seu oponente ao extremo."...Basta substituir "guerra" por política na primeira frase para entendermos o que a história espera que façamos.

Carlos Cesar Felix - 05/07/2015






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